Antes de falarmos sobre as cirurgias para cranioestenose gostaria de chamar a atenção para outro ponto… Frequentemente os pais chegam ao meu consultório perguntando pelo tratamento com “capacete” para cranioestenose, se ele evitaria a cirurgia. Infelizmente, a resposta é não… Nenhuma cranioestenose deve a princípio ser tratada com capacete!!! Mas por quê? Porque o problema da cranioestenose é um fechamento físico e concreto de uma das suturas cranianas antes da época correta. Para corrigir o formato da cabeça da criança, é preciso abrir esta sutura que está fechada, coisa que o capacete não vai fazer.
Há várias formas de se fazer essa “abertura” cirurgicamente, ou seja, existem diversas técnicas cirúrgicas. Basicamente a correção pode ser feita de 3 formas:
- Suturectomia – neste caso o neurocirurgião pediátrico apenas “retira” a sutura fechada, deixando no seu lugar uma linha aberta. Para que esta cirurgia dê bons resultados ela deve ser feita em um bebê bem pequeno (por volta de 3-4 meses) e frequentemente é necessário após a cirurgia o uso de órtese craniana. Esta cirurgia pode ser feita por via aberta ou endoscópica.
- Técnica dinâmica – com uso de indutores de transformação estrutural (chamados de molas) ou distratores – neste caso o neurocirurgião pediátrico abre a sutura acometida e coloca uma mola ou um distrator para manter a linha aberta por um tempo maior e permitir que o crânio da criança se remodele com maior facilidade e fique mais próximo do formato normal. O resultado é visto ao longo de dias ou semanas, lembrando que é necessário uma segunda cirurgia para retirar a mola/distrator.
- Técnica clássica – está é a técnica habitual que a maioria dos neurocirurgiões, mesmo os que não são neurocirurgiões pediátricos realiza. Neste caso a calota craniana da criança é parcialmente removida durante a cirurgia e remodelada fora da sua cabeça manualmente pelo cirurgião, que fazendo cortes (osteotomias) nos lugares certos melhora imediatamente o formato craniano. A calota é então recolocada e fixada em pontos chave.
Todas as técnicas cirúrgicas tem prós e contras e características técnicas específicas que fazem com que cada uma seja melhor para uma determinada cranioestenose, levando-se em consideração o formato individual da cabeça e a idade do bebê. O ideal é que o neurocirurgião pediátrico esteja familiarizado com todas as técnicas para que escolha a melhor para seu filho!